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12.3.03


Ontem voltando para casa me bateu uma vontade terrível de não parar em lugar nenhum.
Não queria mais falar com amigos nem com estranhos. Não queria mais nada.
Queria somente dirigir meu carro e não parar mais. Ir sempre em frente.
Não queria ter que descer e ver pessoas, não queria mais nada.

Curioso é que essa vontade bateu de repente, sem mais nem menos.
Aumentei o som, muito, muito alto.....dei umas voltas a mais no meu bairro.
Comecei a lembrar que foi ali que eu cresci.
Lembrei que não haviam lombadas, nem muitas placas. Não havia asfalto nem iluminação.
Comecei a lembrar de quantas vezes brinquei de esconde-esconde. Quantas partidas de futebol e de taco joguei naquelas ruas.
Dos carnavais que ficava escondido para jogar água nos carros. Dos pipas que corria atrás, e dos quintais de vizinhos que conheci por conta disso. Foram naquelas ruas que eu levei meu primeiro tombo e foi onde eu aprendi a andar de bicicleta.
Lembrei que toda quarta-feira, o dono do caminhão de doces, que morava no final da rua, passava buzinando. A gente corria atrás e ele acenando nos dizia se naquele dia nós iríamos ganhar alguma coisa. Era legal. A gente sabia que ele ia passar. E esperávamos sentados na esquina.
Curioso foi não lembrar de nenhuma maldade. Não consegui lembrar de nós, quando crianças, termos qualquer tipo de vontade que não fosse a diversão e fazer amigos. E brincar, brincar e brincar.
Foram naquelas ruas que eu aprendi a conhecer o mundo. A não temer o desconhecido.
Foram naquelas ruas que eu percebi o quanto é importante ser amigo e companheiro.
Foi aí que eu comecei a entender...
Segui o meu caminho para casa.
Abri o portão, entrei e sentei no chão da garagem com a Mary Whoo.
Afaguei e chorei junto a ela.
Chorei por ter esquecido de tudo isso que aprendi.
Chorei por ter esquecido que as pessoas nem sempre nos conhecem. Ou querem nos conhecer.

E lembrei que não consigo viver fantasias. Gosto do mundo real. De sentimentos e palavras.
E gosto de viver cada segundo como se fosse o último.
Gosto de me apaixonar, gosto de ser maluco, gosto de assustar as pessoas.
Essa é a vida real. O mundo que foi nos dado pra viver.
O mesmo das ruas onde aprendi a viver.
O mesmo que me ensinou a viver as pessoas de verdade.

Sempre.



Tenta a Sorte :

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